quarta-feira, 29 de abril de 2015

Chesterton - O Argumento Ontológico (1ª Parte)




No seu livro O Homem Eterno, Chesterton atinge provavelmente o ponto mais alto e eclético da sua
filosofia e teologia ao referir a religião alegórica como diferente fundamentalmente da religião mítica, ao admitir que a civilização caminha a par da barbárie, ao revelar que o monoteísmo é uma inversão dramática à normal progressão da religião mítica, e ao expressar o seu famoso argumento ontológico de Jesus Cristo, tão publicitado por Clive Staples Lewis e tão maravilhosamente desenvolvido por Vittorio Messori. O objectivo deste artigo é apresentar Chesterton como teólogo. Revelar um Chesterton autor de um argumento ontológico enunciado muito tempo antes deste argumento ontológico do Deus-homem de 1925.

Chesterton descobriu a existência real das coisas ao recusar a proposta do mal ilimitado, por recusar o “é proibido proibir” que realmente expressa um absurdo sem significado, atendendo à contradição de termos, mas que é tomado como um muito rabelesiano “faz o que te apetece”. Mas como Chesterton explica em Ortodoxia, existe uma diferença fundamental entre o assassino e o assassinado. Essa filosofia do egoísmo, de que Nietzsche foi um dos mais dotados apóstolos, é a marca da modernidade: “Também sonhei que tinha sonhado toda a criação. Fiquei com as estrelas como prenda; numa mão fiquei com o sol e na outra com a lua. Era eu quem estava por detrás e na origem de todas as coisas; sem mim, nada do que existe existiria. Quem já esteve neste centro do cosmos sabe o que é estar no inferno.”1

Descobriu que a vida importa e que não é uma ilusão: “nenhum homem espera tomar tranquilamente o seu pequeno-almoço no dia seguinte a ter incendiado Londres.”2 Para Chesterton, o maior problema dos filósofos é “como pode o homem conciliar o facto de se sentir estranho e ao mesmo tempo em casa neste mundo?” E essa questão só pode ter uma resposta: não usar a mente apenas para se contemplar a si próprio, mas para ver para fora de si: “A mente conquista uma nova província como um imperador, mas apenas porque a mente respondeu a uma campainha como um servo”.3

É esta atitude de humildade intelectual que conduz ao conhecimento: no mundo material à ciência, no mundo antropológico à ética, e no mundo espiritual à religião. Mas onde Chesterton realmente se distingue, onde ele realmente se torna querido por pessoas das mais diversas proveniências, é na sua particular expressão de júbilo, a alegria que aponta para o homem, para o universo e para Deus. 

A primeira grande contribuição de Chesterton para o pensamento contemporâneo foi a sua ênfase no papel desempenhado pela “maravilha” na Cristandade. Maravilha, no sentido de êxtase infantil e contentamento que um presente desperta, em grande medida por ser surpresa. Uma religião de alegria e de graça; não de monotonia, de mecanicismos e de vãs repetições. 

A sua segunda grande contribuição foi a ligação intrínseca entre esse espanto maravilhado e o sentido de humor. A força dialética que os faz funcionar é a humildade, uma negação de si, um “esquecer-se de si”. O humor liga-se à humildade e ao perdão, pois é um constatar divertido das imperfeições desta vida. Este humor e humildade conduzem ao Deus da alegria. Para trás fica o deus-tudo do espinosista Goethe, com o “temor” e a sua “austeridade”. Goethe nunca conseguiu colocar o humor nas suas belas obras, precisamente porque via o sentimentalismo como uma fraqueza. 

(Nas notas fica o seu ensaio sobre a humildade).


Realmente a evidência da existência de Deus assenta mais numa convergência de probabilidades, como afirmava Newman, do que numa prova única e irrefutável. No entanto, vários foram os exercícios da razão humana para provar a existência de Deus: Descartes (dedutivo), Locke (empiro-crítico), Leibniz (cosmológico), Gödel (lógico modal), Gregório de Nissa (desejo), Agostinho (verdade), Anselmo (perfeição), Tomás (transitoriedade), Pascal (limites da acção), Marcel (esperança) e…Chesterton (alegria).

Para Chesterton, a alegria como manifestação da existência é um poderoso indicador da nossa ligação a Deus. Alegria, êxtase, felicidade, sentido de humor, jovialidade, júbilo, podem ser sumariamente resumidos como um rumor de um outro mundo que nos faz sair da cadeia de causa-efeito do nosso mundo material.4 Trata-se de uma abertura que se desenrola, no entanto, ao nível da nossa experiência empírica. Chesterton indica-a, na boca da Mãe de Deus:5

“Digo-te, não para teu conforto

Sim, não para o teu desejo

Sabes, o céu ainda tem que escurecer

E o mar que inundar

A noite cairá três vezes sobre ti

E o céu como uma mitra de ferro

Tens alegria sem uma causa,

Sim, fé sem uma esperança?”

É nesta alegria sem uma causa que reside o argumento ontológico de Chesterton. A sua natureza, quando não depende da experiência empírica nem tem uma raiz ética, tem origem a um nível mais profundo. A alegria jubilosa é mais fundamental e anterior do que a felicidade e o prazer. Tem uma origem metafísica. Esta alegria relaciona-se com a admiração, o maravilhamento e o fascínio, com o constatar da existência. É a alegria genuína que lembramos da nossa infância. Raramente se atinge um pico de felicidade tão despreocupada e jubilosa como na infância. É uma afirmação da doutrina da Criação e, portanto, da verdade do teísmo.6 O mundo possui uma bondade intrínseca, porque foi criado e porque foi criado por Alguém bom. Por Alguém que o julgou digno de ser feito. “Uma coisa digna de ser feita deve ser feita, mesmo que seja mal feita.”7 

Porque fazer uma coisa que não é perfeita? Talvez num sentido humano porque a arte popular não deixa de ser arte e num sentido divino porque a liberdade exige incompletude tal como a diversidade exige a beleza e o grotesco.

Tal como para Newman na questão da percepção religiosa, Chesterton atribui à criança a melhor percepção do nosso mundo. A criança experiencia a verdadeira natureza da alegria. A criança percepciona o mundo à luz de uma manhã eterna, interpretando-o como se ele fora tão novo quanto ela. Chesterton não tem qualquer interesse freudiano na infância como estadio de desenvolvimento da personalidade. Chesterton distingue-se da maioria dos críticos literários precisamente por recusar o universo freudiano que atribui à criança um mero papel na etapa do desenvolvimento: “Alguns dizem que Hamlet não só odiava o tio mas também odiava secretamente o pai, pela simples razão de que gostava da mãe. Em Hamlet há uma frase que diz: O mais importante neste tipo de coisas são apenas sombras.”8


É o olhar da criança que lhe prende a atenção: “Eu nunca perdi o sentido de que esta era a minha vida real; o princípio do que deveria ser uma vida mais real; uma experiência perdida na terra dos vivos.”9 Chesterton não é ingénuo ao ponto de não reconhecer a presença do mal, a perfídia, a dor, o sofrimento e a infelicidade, mas atribui-lhes uma textura diferente, um domínio radicado neste mundo: Não existem coisas más, apenas mau uso das coisas. Se se quiser, não existem coisas más mas apenas pensamentos maus; e especialmente más intenções. Só os calvinistas podem pensar que o inferno está cheio de boas intenções. Isso é exactamente o que lá não existe. Mas é inteiramente possível existirem más intenções sobre coisas boas; e as coisas boas, como o mundo e a carne, foram distorcidas por uma intenção má chamada o diabo. Mas ele não pode tornar as coisas em más; elas continuam como no primeiro dia da Criação. A obra do Céu é material, a criação de um mundo material. A obra do inferno é inteiramente, e apenas, espiritual.”3

No entanto existe uma alegria intrínseca nas coisas só pelo facto de existirem, que é percebida quando se olha para elas como se se vissem pela primeira vez: “A mera existência era extraordinária comparada com nada. Mesmo que a luz do dia fosse um sonho, seria um sonho luminoso, não um pesadelo.”10


A infância permanece o melhor critério para aferir a sensibilidade num adulto, na medida em que é o melhor testemunho da natureza da realidade. Este mundo não contém só o necessário à sobrevivência; ele vem cumulado de dádivas. Não nos limitamos a satisfazer as nossas necessidades; tal satisfação vem acompanhada de prazer. O mesmo se pode dizer da arte, que do ponto de vista puramente material é completamente inútil: “A arte existe, digamos que como constitutiva da nossa natureza, para nos revelar melhor a natureza de Deus; ou, traduzindo as coisas em termos da nossa psicologia, para acordar e manter vivo o sentido do maravilhoso. O objectivo de qualquer peça de arte é atingido quando nós afirmamos de um objecto, seja uma árvore, uma nuvem ou uma figura humana: Ah, eu já tinha visto isto um milhão de vezes e, no entanto, nunca o tinha visto (assim)!"11 O mundo da criança não é o mundo perdido dos contos de fadas, o nosso é que é um mundo amputado de maravilha.

Esta percepção da criança de que a existência é uma dádiva, enche-a de alegria. É a chave para a ontologia, ironicamente recebida no alvorecer da consciência e não por meio de um obstinado processo de raciocínio. A criança não vive de abstracções mas de coisas concretas: “A vitalidade da poesia como exemplificado por Browning torna-se mais evidente naquela natureza “fundamental e comum” que era o seu objecto — o amor acima de tudo - mas expresso pelas coisas mais concretas e não por abstracções. Foi esta radicação ao prosaico que protegeu Browning do movimento decadente que se desenvolveu pouco antes da sua morte.”12

O papel da filosofia é abrir esse presente, desvendando as suas implicações, até chegar ao primeiro princípio. Esse presente é como todo o presente: uma dádiva inesperada, de alguém que nos ama e, de alguma maneira, uma surpresa e um mistério. É exactamente por isso que quando perguntamos qual é a prenda que nos vão oferecer, nos é respondido que não se pode dizer, porque é…surpresa. Esta resposta desconcertante remete-nos para uma posição de humildade, um sem-jeito, um tirem-me daqui. E é por estarmos nessa posição de humildade e de um certo não domínio da situação, que se ouve por vezes dizer: “não gosto de receber presentes”. Não é o presente que está em causa, é a atmosfera…

É então deste modo, com esta atitude “filosófica”, que se adquire a atitude “teológica”. É necessário ser como criança para conhecer o Reino do Céu (ou para valorizar o mundo da Terra): “O nosso mundo não é o melhor mundo possível; o nosso mundo é o melhor dos mundos impossíveis.”13

Esta atitude de criança não é uma atitude de criancice. Não é aquela atitude de menino mimado ou de criança caprichosa e petulante que comete todo o tipo de pecados e, mesmo na idade adulta, se recusa a aceitar a responsabilidade. Como se todo o mundo estivesse errado e não ela própria, como Dorian Gray. Perde a capacidade de se deslumbrar, embrutecida pelo prazer; perde a capacidade de agradecer, embotada pelo orgulho. “Só um grande homem sabe o quanto é pequeno”13 demonstra uma atitude de criança, mas o homem mesquinho que pensa ser o maior ilustra uma atitude de criancice.14

“O facto de tantos estudantes modernos do transcendente possuírem um desejo de pertencer a uma aristocracia espiritual, de se sentarem em tronos pelos quais há que competir, tal como no caso dos lugares de um governo, é uma prova simples de que não possuem em si mesmos os rudimentos da espiritualidade. A verdadeira espiritualidade é tão humilde como um apaixonado e tão pouco cínica como uma criança.”15

Esta noção de uma humildade que conduz à alegria de um regresso a casa, i.e., à descoberta de algo que pensámos ser um novo porto, mas que afinal é a nossa casa, partilhada por tantos intelectos deslumbrantes, por tantos heroísmos simples; a descoberta de um jardim ou de uma terra onde sempre se podem descobrir coisas novas: “O lugar confiável de todas as verdades do mundo, o banquete que nunca acaba. (…) A Igreja Católica é o lar natural do espírito humano.”16

Chesterton relaciona a alegria com a atitude de humildade. Ser alegre é ser humilde e só quem é humilde consegue ser alegre e transmitir a sua alegria.15 O paralelo com a teologia é evidente. Só por uma atitude de humildade a criatura se pode aproximar do Criador. Mas esta conclusão também esconde uma outra: o homem é uma imago Dei, uma imagem de Deus. Pela razão humana pode chegar-se a Deus: “O místico que vivencia o momento em que não existia nada excepto Deus, visualiza aquele início sem passado, em que não existia nada de nada. Ele não só aprecia tudo mas também o nada de onde surgiram todas as coisas.

De certo modo, São Francisco encarna e responde à terrível ironia do livro de Job; de certo modo ele estava presente quando foram lançados os fundamentos do mundo, com as estrelas da manhã a cantar e os filhos de Deus a clamar por alegria.”17 


Entendem-se agora melhor as palavras de Chesterton, não como mera retórica ou como expressão piedosa, mas como uma conclusão filosófica: “Mantenho que o agradecimento é a mais alta forma de pensamento e que a felicidade não é mais do que a gratidão duplicada pelo espanto.”19


António Campos

1 Chesterton, O Poeta e os Lunáticos, 1929                                                                      

2 Chesterton, A Plea for a Popular Philosophy, Daily News, 22 de Junho de 1907.

3 Chesterton, São Tomás de Aquino, 1925.

4 Peter Berger, A Rumor of Angels, Doubleday, NY, 1969.

5 Chesterton, A Balada do Cavalo Branco, 1911.

6 Aidan Nichols, A Grammar of Consent, University of Notre Dame Press, 1991.

7 Chesterton, Os Disparates do Mundo, 1910, Ed Diel, 2008, com prefácio de José Blanc de Portugal, de 21 de Agosto de 1958.

8 Chesterton, The Game of Psychoanalysis, The Century Magazine, 1923.                    

9 Chesterton, Autobiografia, 1936.

10 Chesterton, Charles Dickens, 1906.

11 Chesterton, The Thing, 1929.

12 Chesterton, Browning, 1903.

13 Chesterton, O Homem Eterno, 1925.

14 É neste sentido que São Paulo nos adverte que quando somos crianças nos portamos como crianças mas quando nos tornamos adultos, devemos abandonar as coisas de crianças, i.e., devemos aceitar as responsabilidades. Esta afirmação parece, mas não é, uma contradição à afirmação de Jesus Cristo de que das crianças é o universo – “se queres conhecer o universo, o melhor é ajoelhares”, diz Bono.

15 Chesterton, The Mistery of the Mystics, Daily News, 30.08.1901.

16 Chesterton, Catholic Church and Conversion, 1926.

17 Chesterton, A Defense of Humility, The Speaker, 13 de Abril de 1901:

 “A humildade segue com a precisão do relógio todas as grandes alegrias da vida. Ninguém esteve alguma vez apaixonado sem se entregar a uma orgia de humildade; os adolescentes expressam humildade em face dos seus ídolos. Os pagãos insistiam na auto-afirmação, porque na essência da sua crença encontravam-se uns deuses que, embora justos e fortes, eram místicos, caprichosos e indiferentes. Mas na essência do cristianismo encontra-se uma aliança com Deus que entrega ao homem uma libertação. O cristão sente-se seguro e com uma bênção que o eleva ao nível das estrelas mas imediatamente descobre a humildade. É um paradoxo: é aquele que está protegido que é humilde. Esta combinação de alegria e auto-prostração é demasiado óbvia para que seja ignorada. Ao rejeitarmos a humildade como virtude assistimos ao colapso da alegria, quer na literatura quer na filosofia. Do revivalismo da auto-afirmação dos gregos viajámos para o seu pessimismo. Quando estamos verdadeiramente felizes, achamos que não somos merecedores de tamanha felicidade. Mas quando nos emancipamos do divino estamos absolutamente seguros que temos direito a tudo e mais alguma coisa.

A explicação para estes factos é entender as verdadeiras raízes da humildade: uma virtude metafísica e poderia mesmo afirmar-se, uma virtude matemática. As pessoas que consideram a humildade uma coisa degradante tendem a admirar a infalibilidade e a auto-afirmação, descartando tudo aquilo que julgam abaixo da sua inteligência. Acontece que ao descartar sucessivamente as coisas, acabamos nós próprios isolados. Quando fechamos a porta ao vento é como se o vento nos fechasse a sua porta. Onde quer que um egoísmo orgulhoso conduza é certo que não conduz ao conhecimento. O expoente mais brilhante da escola do egoísmo, Nietzsche, com a sua lógica penetrante e admirável, reconheceu que o egoísmo consiste num olhar distanciado para os fracos, os medrosos e os ignorantes. O olhar distanciado pode ser uma coisa boa; acontece que nada se vê com clareza, desde as casas às couves, quando se observam por um balão. O filósofo do ego vê tudo, sem sombra de dúvida, de um céu alto e rarefeito; só que vê tudo encolhido…ou deformado.

Se um homem quiser ver tudo como é na realidade, a atitude terá que ser outra. Terá que se despojar de tudo aquilo que tende a dividi-lo do seu objecto de estudo. Parece que o nosso corpo pode ser um estorvo para estudarmos tudo aquilo que pretendermos estudar (i.e., temos que nos camuflar, como quando queremos estudar os animais no seu habitat). Parece que temos que enveredar por um processo de asceticismo mental, uma castração do ser, se queremos vislumbrar o bem que transborda de todas as coisas. Parece evidente que por vezes nos devemos portar como uma janela: claros, luminosos e…invisíveis.

Aprendemos na escola que um ponto não tem partes nem magnitude. A humildade é a arte luminosa de nos reduzirmos a um ponto; não a um ponto pequeno ou grande, mas a um ponto de tamanho nenhum, de forma a que as coisas apareçam como realmente são, de uma dimensão extraordinária. Que as árvores sejam grandes e a relva curta resulta do uso das nossas próprias medidas, em comparação com a nossa estatura. Mas para o espírito que conseguiu despojar-se das suas dimensões, a relva é uma imensa floresta com os seus habitantes e os seus dragões; as pedras da estrada são montanhas incríveis, os dentes-de-leão são gigantescas fogueiras que iluminam tudo à volta, e sinos da charneca parecem, com os seus talos, cada um maior do que o outro, planetas suspensos no céu. Aqui e ali se vislumbra uma floresta milagrosa que ilumina o alto das suas copas com um pôr-do-sol escarlate, um deserto despojado possuindo uma única rocha, um oceano possuindo monstros tais que Dante não se atreveria a imaginar.

Estas são as visões daquele que, como a criança nos contos de fadas, não receia ser pequeno.

Por seu lado, o sábio é como o gigante, cada vez maior, o que significa que as estrelas são cada vez mais pequenas. Tudo sucessivamente se torna desinteressante; o mundo intrincado da vida feita de coisas comuns torna-se para ele tão perdido como o mundo dos protozoários para quem não tem microscópio. Ele ergue-se sempre entre desoladas eternidades. Sistema atrás de sistema, universo após universo, tudo esquece e tudo despreza.

Mas esta visão magnificente das coisas, tal como elas são, os gigantescos malmequeres, os celestiais dentes-de-leão, a grande odisseia dos oceanos de estranhas cores e das árvores de formas peculiares, da poeira do afundamento de templos e de cardos como supernovas, esta visão colossal cessará com o último dos humildes.”

18 Chesterton, São Francisco, 1923.


19 A Idade das Cruzadas, Uma Pequena História da Inglaterra, 1917.
 

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